3 de junho de 2007

Tempos de crise

Estou em crise. É chique falar que se está em crise. Gostaria que fosse esse o motivo para dizer que estou em crise!
Prestes a me tornar uma "educadora" não me sinto educadora, nem professora, muito menos cidadã.
Olho para o mundo e o mundo me olha nos olhos: não sei o que responder. Olho para as crianças que me rodeiam e não sei o que lhes oferecer. Equilibro-me na corda bamba das teorias, tão belas, tão distantes...
Devo ser a professora ditadora, que entope os alunos com uma educação conservadora e isolada? "Moderninha”, ligada nas últimas tendências pedagógicas, disfarçando a pedagogia conservadora tão bem, que chega a ser convincente? Ou a “amiga”, que pinta o mundo cor-de-rosa e acredita sinceramente nisso?
Devo ser quem, educar quem e para quê? Onde quero trabalhar? Com a elite e seus pequenos burgueses, data-shows, softwares e poder nas mãos? Na escola de periferia para tentar mudar as coisas? (Quais coisas posso mudar?) Sou um aparelho ideológico do estado? A quem sirvo? Onde encaixo a política na minha práxis de educação? Como gerar essa consciência tão dita e repetida, se às vezes me pergunto se ela está em mim!

...
Em uma pessoa que não sabe o que fazer nas próximas eleições; que não toma partido em questões polêmicas
(sempre neutra) porque sempre teve medo, preguiça, acomodação de se posicionar; que se divide entre assuntos pessoais, assuntos coletivos, e não tem a mínima idéia de onde acabam uns e começam os outros, caindo no egoísmo, individualismo e desencantamento.
Fecho os olhos. Vejo dois caminhos. O primeiro é todo florido, completamente claro. No segundo, vejo trevas, mal conheço a entrada.
Tenho que escolher, porque não há mais tempo.
Ir pelo caminho "fácil” é muito atrativo. Fraquejo... fraquejo a cada instante!

O segundo cobra minha posição perante o mundo, pois é onde estão todos meus sonhos de fazer a diferença.

Essa é a maior dúvida que já tive na minha vida. Viver ou se entregar? Ser ou não ser? Shakespeare se mostra acessível como nunca antes. Ser ou não ser, ser ou não ser...

- Eis a questão.

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