27 de agosto de 2007

Meus estranhos prazeres:

cheiro de amaciante
sorvete que vai derretendo no fundo do copo
abrir os olhos durante o beijo
escrever um texto, achá-lo "o último" e depois fazer outro
madrugadas
aquela música na rádio que dá saudade "de alguma coisa que não sei o quê..."
espreguiçar debaixo da coberta em dia frio
desencravar pêlos com uma agulha
sentar no chão
combinar roupas, olhar no espelho e fingir ser outra pessoa
contar azulejos
penteados esquisitos pós-banho
comer vários chicletes de uma vez
pessoas dormindo
comer uma a uma e depois apertar com o dedo as bolinhas de sagu
desenhar na margem das folhas pautadas
sobracelhas
ouvir diálogo de estranhos no ônibus
observar insetos
declarações de amor em hora e lugares improváveis


- Quais são seus estranhos prazeres?

22 de agosto de 2007

18 de agosto de 2007

Notícias das águas-claras.




Queridos peixinhos-da-terra que gostam de palavras e versos, sabem que aqui no fundo do mar sempre sento perto dos corais e fico olhando, procurando transmitir por pensamento o que vejo para todos vocês?
Estamos passando por um momento muito especial no mar. Ontem, grandes pintores fizeram uma exposição de quadros com flores de todos os tipos no salão Borbulhas. Queria que tivessem visto como foi lindo! Eles vieram mostrar para quem estava triste como existem coisas belas aí em cima, na terra (até mesmo peixinhos sofrem de depressão).
Em agradecimento, a Dona Baleia Crisália disse que subirá a superfície para dançar tango em alguma praia (só não sei ainda qual porque é surpresa!). É bem capaz de receberem notícias em breve. Abram bem os olhinhos...
Mas, empolgada com os últimos acontecidos, já estava esquecendo da dica musical!
Aqui está:

Espatódea – Nando Reis
http://www.youtube.com/watch?v=o1zIBZfanBY

Por favor, fechem os dedos bem forte. O amor que coloco nessa canção para cada um de vocês é tão leve que pode flutuar, feito meu pensamento perto dos corais, Dona Crisália com seu tango ou uma pétala de flor apaixonada pelo vento... então é melhor não arriscar.

O ° ! snik snik ! . o



Estalinhos salgados
Da sua correspondente submarina
Vedda.

5 de agosto de 2007

Sábias palavras são aquelas que crescem fruto em árvore,
alimentando a fome da alma,
libertando correntes,
soltando pés e abrindo caminhos.
Costuradas em mantas coloridas para aquecerem o frio de toda gente.
Bilhetinhos apaixonados.
Até mesmo os versinhos de banheiro!
Todas as curvas sinuosas dos desenhos arredondados
transformadas em musicalidade divina!
O grito do feirante na rua.
O verso das histórias infantis
Do conselho paterno
Do - eu te amo - trêmulo na noite chuvosa
Sábias... E lindas!
Quantas línguas te provam, e amaciam tua gramática pra saírem fluídas
pelos rios salivares!
Quantos verbos em ti crescem: plantas verdes sem-fim!
Ah...
Quantas dores, quanta fé, quanto existir:
para sempre grafadas no diário da menina
no caderno do trabalhador
tatuagem.
Quem dera ser palavras amorosas para morar nas bocas sonhadoras...
Quem dera ser afagos!
Ser caneta e rodopiar por entre dedicatórias
Valsar naquele poema, ou morrer nas mãos do autor
para renascer beabá da criança.

Sábias palavras: a vocês a responsabilidade de escrever o mundo.

4 de agosto de 2007

As melhores coisas desse mundo não são vendidas em super-mercados 24 horas! As melhores coisas são escorregadias! São pequenos momentos abraçáveis que passam e não voltam.


- Há que se arregaçar as mangas e viver intensamente.

Essa noite eu não conseguia dormir de jeito nenhum.
Depois de contar na cabeça todos os carneiros de todas as fazendas do mundo, resolvi escrever.

Meu coração anda me assustando.
Tanto, que o danadinho se esconde de mim quando o sol se põe. Às vezes sai madrugada a dentro e volta completamente bêbado e sujo de sonhos. E eu fico aqui, colocando os pobres carneiros para fora - os pobres bichinhos que nada tem a ver e só executam religiosamente seu trabalho de me fazer dormir! - Pobrezinhos... Expulsei sem dó!

Até meu coração resolver olhar nos olhos.
Até descobrir que posso abaixar as defesas.
Até minhas mãos não gelarem tanto.
Até não sentir esse medo que me amarra numa pedra
E a pedra não estar amarrada numa corda
E a corda não estar presa ao pé da montanha mais alta
E a montanha não estar coberta de neve

Até...
(já nem sei...)

Enquanto isso deixo os campos vazios com uma interrogação no meio.

(...)

Uma interrogação doida para se apaixonar...
- ou uma interrogação perdidamente apaixonada?
É assim:

Uma hora triste
fria, distante, cruel
Um monstro.
(não quero ninguém, não quero nem eu)

Outra hora é assim:

Feliz, exageradamente feliz
Muito exageradamente feliz,
completamente fora dos padrões normais de felicidade!

. dia azul, pássaros cantando, bolo de chocolate, pessoas -muitas pessoas -, amigos, risada, dança, festa .

- É bom ficar ao seu lado, Pri! Você é incrível...
-Pri, como te adoro! Te amo! Você é legal assim sempre?

-Não! - eu digo.

Uma hora triste.
Uma hora feliz.
Uma hora triste.
Uma hora feliz.


- Existe uma linha com a qual foram divididos o fundo do poço e a vida irritantemente cor-de-rosa, fico em qualquer lugar, menos em cima dela! - eu digo de novo.
(...)