28 de setembro de 2018

O corpo é uma casa, uma casca sujeita às intempéries da vida. 
Observe a menina da primeira foto: oradora no 8° ano do ensino fundamental. Apesar disso, insegura, tímida, infeliz, porque nunca alcançava o maldito padrão imposto socialmente. Isso deixou marcas profundas na sua autoestima. Agora, a segunda imagem: mulher, professora, seguindo o mesmo dom da palavra escrita e falada. 
Em ambas as fotos era meu corpo que eu habitava, de maneiras diferentes. Hoje, são muitos quilos a mais, no entanto estou plena graças às mulheres que abriram caminhos. É por elas (com elas) que tomo a bandeira do feminismo nos braços para que minhas alunas não passem pelo que passei; para que minha futura filha seja feliz; para que todos sejam livres. 
Fiz um pacto comigo de ver beleza onde sempre teve, diariamente, porque meu corpo é minha casa. Olhe atentamente para ele: estarei aqui dentro, dançando.




24 de setembro de 2018

Interpretação (poética) dos Muitos Mundos

Querido amor que não aconteceu, 
Foi erro meu? 
Estávamos tão próximos, 
Por isso imagino como seria se tivesse ido aquele dia. 
Sou durona demais, nunca vou admitir meu 
Coração embrutecido desde o útero. 
Você me parece real 
Vivo, corajoso. 
Eu nunca fui naquele dia. 
Só em pensamento, repetidas vezes e criei finais paralelos no tempo/espaço. 
Em muitos a gente morria. 
Em outros, dois filhos legais. 
Tem um, meu preferido, no qual conversamos a vida toda. 
Pra qual final você torce? 
Levarei flores no nosso casamento, 
Ou nem serei convidada? 
Existem muitas possibilidades! 
Você parecia real 
Vivo, corajoso. 
Nunca fui naquele dia, 
Mas fui em tantos outros, onde você estava?
Não foi coração embrutecido, foi medo.
Porque tenho ótima imaginação para finais, mas quase nenhuma para começos.

12 de setembro de 2018

Home Sweet Home


Olá. Seja bem-vindo. Digo, será bem-vindo quando vier. Minha vida está repleta de um vazio inexplicável.
Estou fora de casa doze horas por dia. Isso seria insuportável se não gostasse do que faço, eu amo. Adoro ver crianças crescerem, porque semeadura me interessa profundamente.
O fato é que não consigo me conectar com mais ninguém. O nome é solidão acompanhada? Às vezes tenho medo de desconectar tanto que posso desaparecer.
Estou com a autoestima ok. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, como dizem. Ok. Estou sobrevivente.  
É estar apagando. Não tem pessoa, livro, viagem, emprego, nada pra estancar o ruído. É um som repetitivo de fracasso. Uma tristeza barulhenta.
Preciso ir pra casa.