Menina e o Mundo
15 de janeiro de 2021
O que você sabe sobre passarinhos?
13 de dezembro de 2020
Para o menino com uma estrela
Sabe as nossas conversas? Eu já reli umas três vezes, tudo. Cada áudio. Cada figurinha e meme e linha. Então chego no fim e volto no início. Dou risada de novo, fico triste. Fico procurando indícios do fim, prenúncios do desastre para tentar voltar no tempo, para evitar. Daí passo a noite inteira nesse trabalho árduo, Sísifo rolando a grande pedra de novo e de novo até falhar miseravelmente.
Meu maior medo era que você pensasse... era que você pensasse que foi tudo mentira. Então vem uma vontade enlouquecedora de falar com você, puxar assunto, te marcar num meme qualquer para você rir, depois me perdoar. Você foi a primeira pessoa que pedi perdão, não que isso importe, nem faça meu erro ficar 0,0001% menor. Não fica, não ficará. Nem estou em condições de me justificar, mas como essa ansiedade vem me definhando aos poucos, por favor, me permita abrir esse coração capricorniano antes que somatize algo em mim.
Não estou amadurecida para encontros, por isso evitei sentir por toda vida. Lembra que falei sobre animais de estimação? Pois é, nunca tive nenhum! Não ria de mim, juro que essa informação tem relevância, porque entro em pânico com a iminência da morte, consequentemente evito me apegar a qualquer ser vivo. Esse medo se estendeu para amigos, passei a evitar enterros, fujo como diabo da cruz perante qualquer demonstração afetuosa. Sinto o coração paralisado só de escrever sobre, acho que não aprendi gostar de ninguém.
Quando começamos a conversar naquele dia, deixei tudo preparado, se algo saísse do controle era só puxar a “cordinha” e abrir o paraquedas. Péssima analogia, sei que você me ajudaria a criar outras muito melhores. Então você pegou minha mão para sentir a queda livre como nunca antes. Foi como voar. Estava sonhando, amando, mil planos, quando meu sistema padrão entrou em pane total durante uma noite assustadora. Sim, nunca senti isso antes. Sim, nunca tive essa conexão com mais ninguém. É pânico que fala?
Como boa filha perdida no meio da tempestade corri para espiritualidade. Mentira. Primeiro joguei mil cartas de tarô, li seu mapa astral de ponta cabeça, barganhei com os anjos, vasculhei sua vida inteira na internet. Precisava de algum motivo plausível para desencantar o que estava encantado no meu coração. Era meu lado racional tomando as rédeas, criando listas de prós e contras. Não cheguei a nenhuma conclusão definitiva. Corri para espiritualidade feito um cachorro perdido. Nesse ponto, não tenho o que reclamar, pois meu padrinho espiritual tem me livrado de muitas furadas. Pensa numa ascendente em peixes vagando por aí? Se estou viva é por milagre praticamente! Ele me abraçou, chorei até desidratar, daí perguntei sobre nós dois. Ele não disse faça, ou não faça, mas confirmei a negativa no meu peito. Foi uma bigorna sobre minha cabeça. Das outras vezes que perguntei e não ouvi me ferrei tanto, me machuquei tanto, não passa pela minha cabeça desrespeitar nunca mais, mesmo que meu corpo te deseje, minha mente te admire, meu coração esteja na tua completamente, nada disso tem peso maior que ouvir a espiritualidade pra mim.
Chegamos no momento presente, separados, devido ao meu pensamento: antes doer agora, do que depois, quando o estrago será maior. Juro por tudo que é mais sagrado que pensei em poupá-lo nesse hora, por mais absurdo que pareça. Minha esperança com essa “carta” é que você um dia possa transformar esse desejo/afeto/amor dentro de você. Que possamos dividi-lo em forma de amizade. Caralho! Nem eu sei se vou conseguir essa proeza, porque tá muito foda. Tá doendo demais. Quero confiar no tempo como melhor remédio, me ajuda a acreditar. Por favor, me diga que é possível existir um espaço protegido, entre amor e ódio, um lugar neutro onde possamos estar abraçados e seguros? Um banco de jardim, você no meu colo, longe de tudo, lendo Silmarilion em paz?
Ou... seja sincero e me diga de uma vez: Pri, esse lugar chama-se esquecimento.
11 de dezembro de 2020
Guardiã
10 de dezembro de 2020
O baile
Hey,
29 de outubro de 2020
A fonte infinita das ideias
8 de outubro de 2020
365
13 de agosto de 2020
23 de julho de 2020
Para minha filha que vai chegar
E quero ser mãe.
Um pouco mais de 6 anos por meios naturais,
Um prazo estendido, se for adoção.
Uma vontade de dividir isso com um companheiro
Mas também pode ser sozinha, se não der pé.
Então fiz esse poema para registrar esse desejo
Na esperança de voltar para reler,
Porque a vida é uma eterna releitura, no fim das contas.
Tenho 34 anos:
Esse é meu amor expandindo!
E como não consegui fotografar o exato momento da explosão,
Escrevi.
Tem um tanto de singeleza nos poros, ramo, flor, semente
Uma jardinagem intensa no meu coração.
Penso na situação do país, guerras, ecologia,
Entretanto a vontade segue comigo,
Sobreposta e imensa.
Como não consegui fazer uma canção sobre o exato momento,
Escrevi.
Tenho 34 caminhos abertos em mim.
Penso na maternidade desafiadora,
Minha filha ri em algum lugar, aguardando, aguardando...
Ela já está pronta.
Como não pude pintar um quadro sobre,
Escrevi.
Tenho mais de três décadas desaprendendo
Para ser mãe.
Estou pronta?
Ela cochicha que o caminho se faz caminhando.
Como não pude esculpir uma obra,
Escrevi meu poema pré-maternidade
Para minha filha que vai chegar.
24 de maio de 2020
Em dobro.
Desenhei seu rosto quarenta vezes
Cantei nossa canção quarenta vezes
Chorei quarenta e uma vez que durou a noite toda.
Nessa quarentena nutri meu amor-próprio quarenta vezes
Revisei meus motivos outras quarenta
Mordi os lábios quarenta vezes
Enlouqueci quarenta e uma vez que quase te liguei.
Não liguei.
Nessa quarentena seu fantasma me assombrou quarenta vezes,
Mas ressuscitei oitenta
Eu sempre me reconstruo
Em dobro.
Ser ímpar é resistência.
20 de abril de 2020
Matriosca
É ficar numa caixa dentro de outra caixa.
Hoje, espiei pra fora: olá, mundo exterior.
Esse dom para reinventar está aqui.
Tomo posse de mim mais uma vez.
18 de abril de 2020
Joia da semana
Então me permito alguma alegria.
Abro as janelas
Canto desafinado,
Porque é sábado, afinal!
Não tem vírus, medo, tristeza que apaguem essa luz:
Confiar é extremamente luminoso.
Tenho tudo e mais um pouco para dividir.
Hoje é sábado, o amanhã se basta.
Brindemos esse presente.