13 de dezembro de 2012

Os mistérios da jardinagem


Hoje, na dança circular fiquei pensando tantas coisas. Como o contato olho, pele, mãos, energia com outras pessoas é importante. Como a humanidade está se distanciando disso e tomando remédios para solidão. 
No começo, tinha muita vergonha de olhar nos olhos de qualquer pessoa, por isso perdi muito tempo. Hoje, ainda me pego desviando o olhar furtivamente, agarrando em qualquer coisa que possa me salvar do outro. Mas daí vem uma coragem ‘sabeseládeonde’ me convencendo, feito criança, a subir na bicicleta, cambalear para ambos os lados, cair, tentar de novo: - Um pouquinho de cada vez – ela diz. 
Um pouquinho de cada vez e já posso olhar para traz com uma pontinha de orgulho. Foram passos lentos, numa valsa desajeitada, mas andei. Não tenho vocação para estátua de museu. 
- As pessoas mudam - fiquei pensando. E talvez, o poeta diria: as rosas acordam – e complementaria: na hora certa. 
 Eu acordei. Tenho uma alma inquieta que não pretende adormecer nunca mais.

19 de novembro de 2012

Gentilmente:

Quando o menino gostava da menina , para demonstrar, aprendia sua música preferida no violão. Ela, mesmo não entendendo nada, assistia futebol para ter assunto com ele. Mudava-se o penteado, colocava-se o vestido pedido, ou abríamos mão de determinadas manias. Não era falta de opinião, nem perder individualidade, era GENTILEZA. No mundo da overdose dos espelhos quem der o primeiro passo em direção ao outro vai descobrir um universo inteiro ao alcance das mãos. E o ser-humano, para mim, continua sendo um dos lugares mais fantásticos para mergulhar.

3 de novembro de 2012

Pensando alto

Na tv, zapeando, vi um elefante que fala coreano, porque aprendeu a imitar a voz do seu treinador e repete algumas palavras. 
- Fantástico esse animal! - pensei. 
Pesquisadores virarão o bicho de ponta-cabeça com diversas pesquisas para tentar compreendê-lo, mas eu sei o que ele quer. Ele quer se comunicar conosco, com a tão decadente raça humana, pois percebeu que dentro do nosso atraso nunca entenderemos gestos sutis e delicados dos animais, é preciso ser mais óbvio. É preciso falar a língua desses seres tão emburrecidos: ele quer pedir socorro.

http://migre.me/bx1fo
Pronto, tive coragem: Werther se matou, fim do livro. Eu e essa mania de parar antes do desfecho, tentando retardar a tragédia, tentando, inutilmente, evitar a dor.

29 de outubro de 2012


Amigos, não me indiquem mais coisas tão belas. Esses filmes, livros e essa poesia toda é mais forte que droga, me deixa com um barato incontrolável de levantar e querer viver. Em pouco tempo, assim como ando, com toda essa ansiedade, hei de fazer tudo mais belo também.

22 de outubro de 2012

E criou diversas teorias sobre não se apegar, evitar aproximações. Essas coisas de relações humanas.

20 de outubro de 2012

13 de outubro de 2012

la mentira


Sai de trás desse muro e vem me ver.
Eu solto as armas
e compro um livro pra você.
Leio debaixo da árvore seu poema favorito milhões de vezes
até a gente se gastar.
Daí você me desenha no teu esboço
pra começar nossa história.
Se as editoras não gostarem de nós,
não tem medo não!
Grafo a gente na árvore
até que um machado
solte nossas letras no espaço.
Mas aí, um distraído apanhador de borboletas, há de nos juntar um dia.
E colocar na sua coleção rara
que vai para o museu da cidade.
Os casais vão ler nossas asas,
as velhinhas vão suspirar,
e os homens de terno, discretamente,
tirarão fotos
para ninar seus filhos.
Sai de trás desse muro que essa mentira eu inventei só pra trazer você pra mim.

9 de outubro de 2012

Ângulo


O problema é que espero,
que tenho esse amor simples e tolo
de encantamentos.

A dádiva é que me encanto,
que tenho esse amor simples e doce
de esperança.


17 de setembro de 2012

Ex-terior

João amava Teresa que amava Raimundo 
e todo mundo amava menos eu. 
Todos existiam no mundo desfazendo-se em dor ou prazer 
E escreviam longas cartas de amor; 
Ou planejavam férias; 
Ou tomavam sorvete na praça de mãos dadas; 
Brigavam pelo filme, pela roupa, pelo tempo; 
- Menos eu. 

 Não dói, 
mas tenho medo de não doer nunca.

11 de setembro de 2012

Redenção


Aprendemos entrar no outro
sobre linhas imaginárias.
Mas um vento muda tudo.
Mudamos nós?
Ou as circunstâncias?
E tudo se perdeu.
Queria dizer que ainda tem um lugar aqui
para dividir o que guarda aí.
Erro muito,
desvio barcos,
assombro as águas.
Seja o farol para me regressar.
Pega minha mão quando não conseguir ver
porque as marés me arruínam.
Só contigo, agarrada em seus braços,
voltarei ao exterior.
Perdoa as águas frígidas
em que atirei nosso pacto.
Não era assim.
Não devia ser.
O abismo, posterior, saiu do controle,
pois não estava mais comigo.
Eu não queria mais correr.
No entanto, que destino, 
você vai.

E no horizonte de Dom Sebastião,
para me limpar de qualquer culpa de te afastar,
amarro meus balões de esperança.
- Esse poema é um (acanhado) pedido de perdão.

1 de setembro de 2012

Para os dois


Tem pessoas gigantes,
com tentáculos de polvo,
Que agarram nossa alma
Pra si
Tem pessoas abismos
que nos convidam a saltar
Abotoando
pétalas no chão.
Essa gente me aproxima fascinada:
Questionadoras, insaciáveis!
Eternas crianças.
E eu pulo!
Olhos fechados, pés juntos
Pra dentro de tudo
Que não quero que acabe.
Uns chamam de loucura,
Mas eu chamo de amizade.
Tem pessoas que me levam pela mão
E as levo também
Numa caminhada lado a lado
Enquanto o sol nasce e dorme sobre nós.

30 de agosto de 2012

Para aquele do outro lado.


Estou aqui, aberta
Como nunca estive.
Tenho uma coleção de discos e livros
Mas nunca dividi com ninguém.
 Então, meu querido,
Seja doce...
O amor é alto e perigoso
E morro de medo de cair.

Escrevi muitas linhas antes dessas, porém apaguei.
Porque as palavras saem arrastando meu corpo todo em direção a você.
Te quero tanto perto...
Feito a Terra atraindo seu satélite para mim.

Sento no topo do mundo
Olhando a lua entre os dedos da mão
Tentando não me afogar com tamanha beleza.
Você vem,
Eu sinto.
Para ler os discos, ouvir os livros
Para esperar o sol comigo.

11 de fevereiro de 2012

Sinestesia

Queria escrever das sinfonias que acontecem ao entardecer na árvore 27, bem na esquina. Dos pássaros, traje de gala emplumados, saracoteando para todas as direções. De mim, passando embasbacada com os olhos para cima, tentando entender o mistério das coisas do mundo.

23 de janeiro de 2012

Das pequenas grandes lições.

Seis horas da manhã, cara amassada, resmungos, por que isso?, por que aquilo?... e distraída com tantos pensamentos pessimistas de uma segunda-feira, olho para o chão.
Umas formigas tão pequenas e insignificantes levavam um besouro morto, nas costas. Umas iam à frente, abrindo caminho como arautos, outras, com escancarada dignidade, carregavam o troféu. Tinham firmeza nos pés e certeza no propósito, que era coletivo.
Esqueça, caro leitor, o equilíbrio ecológico, a preservação de espécies, não foi assim. Pensei nas cidades subterrâneas fluindo organizadamente embaixo dos meus pés. Nas diversas formiguinhas bebês que nasceriam nos próximos dias. Em como eles funcionam, e nós não. Pensei em tudo isso, enquanto as minhas companheiras ganhavam dimensão desconhecida; e desviei, cheia de cuidados.
Não me lembro se reclamei mais naquele dia, provavelmente sim... Mas esses pequenos, ah! recriam o mundo embaixo dos narizes arrebitados! e tem a sutileza de uma pena sobre a água.

21 de janeiro de 2012

Respeitável público:

Está declarado o livro das luzes.
Está declarada a temporada do riso
O último ano do mundo, 2012, há de ser feliz.
Porque ninguém sabe o que será, que será.
Então, caros amigos, quero escrever sobre céu,
jardins iluminados
e doces gostosos!
Falar da sombra também, mas que seja bem pouco.
Que seja pequeno o choro e roda-gigante a felicidade.
Desejo um 20doce para todos
Sem perder a ternura nunca,
nunquinha,
jamais.
:*