22 de dezembro de 2016

O parto.

Estou aqui,
Pés cambaleantes,
Diante da novidade.
Agora compreendo sobre corda bamba
Com igual ou mais propriedade que a equilibrista do circo.
Uma reunião (na minha cabeça) entre diversas personas
Convocou o parto:
A menina, com seu urso, chora.
A idosa, tricota roupas para cobrir vergonhas.
A mãe, abre os braços, emocionada.
Nascerá mulher
E todas unem-se para ampará-la no ar.
Agora compreendo sobre corda bamba
Com igual ou mais propriedade que a equilibrista do circo.
Não é sobre leis da física,

É sobre o nascimento da poesia.

5 de dezembro de 2016

O insustentável feminino

Tenho medo de cair,
Um dia nem mesmo as palavras me salvarem de mim mesma.
Tenho medo de nunca mais te amar.
Carrego um coração estranho
Que toca forte na superfície dos sentimentos,
Mas quando ascende,
Existe uma repulsa
De mim sobre o objeto amado,
Suspensa por fios de aço.
É parir ao contrário,
Porque eu, também eleita,
Herdei fio,roca, torre
E o medo de altura.
Não posso decidir sobre seu sagrado,
Quando você entrega em meus braços algo que posso massacrar.
Sou mulher, inauguro territórios desconhecidos,
Com uma força além de mim.
Podia estar tudo bem,
Mas minha Medeia engole
Tudo que não se opõe a ela com paixão.
Engrandece seu masculino,
Pois anseio, ardentemente, alguém tão inteiro quanto eu.