17 de setembro de 2012

Ex-terior

João amava Teresa que amava Raimundo 
e todo mundo amava menos eu. 
Todos existiam no mundo desfazendo-se em dor ou prazer 
E escreviam longas cartas de amor; 
Ou planejavam férias; 
Ou tomavam sorvete na praça de mãos dadas; 
Brigavam pelo filme, pela roupa, pelo tempo; 
- Menos eu. 

 Não dói, 
mas tenho medo de não doer nunca.

11 de setembro de 2012

Redenção


Aprendemos entrar no outro
sobre linhas imaginárias.
Mas um vento muda tudo.
Mudamos nós?
Ou as circunstâncias?
E tudo se perdeu.
Queria dizer que ainda tem um lugar aqui
para dividir o que guarda aí.
Erro muito,
desvio barcos,
assombro as águas.
Seja o farol para me regressar.
Pega minha mão quando não conseguir ver
porque as marés me arruínam.
Só contigo, agarrada em seus braços,
voltarei ao exterior.
Perdoa as águas frígidas
em que atirei nosso pacto.
Não era assim.
Não devia ser.
O abismo, posterior, saiu do controle,
pois não estava mais comigo.
Eu não queria mais correr.
No entanto, que destino, 
você vai.

E no horizonte de Dom Sebastião,
para me limpar de qualquer culpa de te afastar,
amarro meus balões de esperança.
- Esse poema é um (acanhado) pedido de perdão.

1 de setembro de 2012

Para os dois


Tem pessoas gigantes,
com tentáculos de polvo,
Que agarram nossa alma
Pra si
Tem pessoas abismos
que nos convidam a saltar
Abotoando
pétalas no chão.
Essa gente me aproxima fascinada:
Questionadoras, insaciáveis!
Eternas crianças.
E eu pulo!
Olhos fechados, pés juntos
Pra dentro de tudo
Que não quero que acabe.
Uns chamam de loucura,
Mas eu chamo de amizade.
Tem pessoas que me levam pela mão
E as levo também
Numa caminhada lado a lado
Enquanto o sol nasce e dorme sobre nós.