21 de novembro de 2009

Há que se admirar homens de terno que afrouxam a gravata e sentam no meio-fio para rezar.

7 de novembro de 2009

Menina Lilás

Morava num livro,
cercada de letras por todos os poros.
Não era suficiente.
Escreveu janela,
das folhas fez pássaros.
Choveu.
Dicionário em mãos, roubou guarda-chuva.
Apagou.
Escreveu ponta da língua pra fora.
Assim é bem mais, pensou.
Bebeu da água.
Comeu do pão.
Adormeceu sem planejar minuciosamente o passo seguinte,
pois liberdade é mil precipícios na barriga
e ela não tem medo.
Só de espíritos ou certas marcas de inseto.
E de pessoas excessivamente felizes.
Quando chora fica com o coração desmaiado por longos dias,
mas como é adorável!
Como é adorável essa menina
de nome sem rima
que não coube em nenhuma canção.
Esse poema é pra celebrar sua esquisitice.
É também um brigadeiro de amor
(seja lá o que isso for).
Esse ano descobri sofrimentos e felicidades em todos os graus.
Modifique-me de tantas maneiras que cresci, diminuí e comi diversos bolos fantásticos de terras maravilhosas. Não é síndrome de Alice, é a vida em seu sentido mais arrebatador.
Pra variar, teve uma paixão doída, uma briga e uma reconciliação, cabeçada na parede, um beijo, tudo regado com as melhores trilhas de cinema.
Lembrei e fui lembrada por quem mais queria. É isso que importa nos meus finais. Aqueles que eu amo estavam aqui, para o que desse e viesse; e veio de tudo, com tudo, pra tudo ficar melhor.
Ganhei crianças ao meu redor, brinquei, troquei cartas, dancei. Fiz um filme! Tirei o siso, peguei piolho, caí de moto, mas tá valendo.

É fantástica magia que o tempo dá para as coisas.
Tudo que não sarava nunca, sarou.
Por isso, dispenso o final feliz; prefiro começos e meios inventados todo dia, com amor.

E “sem amor eu nada seria”, só para constar.


Um beijo.
Obrigada a todos que fizeram parte disso.