26 de junho de 2009
Da mania de sonhar acordada.
o sono desce ao meu corpo
e sobe aos céus, sem sonhos.
Que o leitor não se espante,
não é tristeza.
Sonho tanto acordada,
que gasto minha cota
antes do anoitecer.
21 de junho de 2009
Asma.
Não além dos mundos obscuros
que são meus.
Quero estar, indiscutivelmente, distante.
Enquanto a linha entre dor e retorno
estiver desenhada nos meus braços.
Se você entendesse...
Se você entendesse essa coisa...
saberia minha vida abraçada na sua.
Há necessidade de espaço
para minha claustrofobia amorosa.
Não é morte.
São asas.
15 de junho de 2009
Dilema da Flor
O jardim pôs-se a paparicá-la com mimos, porém, alguns se incomodaram da presença dela.
Nossa delicada protagonista sentiu-se culpada, pois não queria jardim repartido.
Ninguém sabia sua história de patinho feio até o florescer dos galhos, como podiam julgá-la de maria-exibida? Melhor ficar debaixo da terra para não desequilibrar as leis da botânica? Ou deveria perder algumas pétalas, passando por erva-daninha?
Enquanto pensava no assunto, brotinhos deitavam ao pé da roseira para ouvir suas canções de ninar.
12 de junho de 2009
10 de junho de 2009
O salto
Estavam lá, independente da nossa distância.
Cabelos brancos, rugas desenhadas pelo vento: pois sim, o mundo continuou girando sem mim, e continuará! Que egoísmo não perceber o óbvio movimento das marés.
Gestos inesperados contrariaram previsões. Será que cresceram? Será que mudei?
Foi estranho pisar no conhecido sem julgar, ou lembrar daquelas velhas mágoas que não me pertencem mais.
Cultivar bondade em terreno difícil, preenchendo espaços, é uma forma de sublimação.
- Foi abrir os braços, fechar os olhos e pular.
está no sonho
ou na fronha?
não sei...
- menina risonha nunca me deixe acordar.
25 de maio de 2009
Rosa Chilena
Irmãos, é tempo:
Águas chilenas carregam os frágeis cordões da memória.
Dos Mapuches o sangue que brota nas grutas da terra,
A luta renasce do vento.
Santiago, orai por nós
que queremos a liberdade.
Neruda pescando em abismos
o amor maior e mais bonito.
Santiago, orai por nós,
anjos caídos da poesia.
Dos jardins das Violetas, as vozes do espírito.
Santiago, somos a própria canção, cantai!
A aridez do Atacama que rasga crenças
e abre asas.
O milagre da sobrevivência.
Santiago, somos lágrimas.
E fé.
Ditadores subirão altivos,
mas águas antigas abrirão janelas.
Na aspereza da estrada
marcamos o próprio destino.
Santiago, lutai conosco:
chilenos e veias e punhos!
Acende uma vela no nosso peito
maior que o céu dos Andes.
Azul, branca e vermelha,
para abrir raízes nessa América sem fim.
23 de maio de 2009
Pouco riso e pouco siso.
Eu pensava que fosse mais dolorido tirar uma parte sentimental: perder um amor, uma época boa da gente.
Hoje vou tirar meu siso, que é um pequeno pedaço de osso que cresceu.
Na verdade, a dor não é medo. O fato é que ele nasceu errado, sem espaço, como várias coisas nascem; e que sempre escondi dos outros, e de mim, essa situação.
Não adianta! Coisas tortas uma hora ficam alarmantes, por mais que o discurso para si mesmo seja de deixar passar. Uma hora parece que desce um sinal dos céus e cai bem na sua cabeça, dizendo que nada errado dura muito tempo.
Não estou triste em olhar para o espelho e ver o futuro sem sisos; mas em pensar que muito que eu amava era torto também e teve que ir.
Já me culpei por não ter feito o suficiente, mas hoje percebo que certas coisas estão fora do alcance. Algumas pessoas são tortas porque não sabem ser de outra maneira. E o que é torto para mim, talvez não seja para outros.
Ah...
Essa história de dente (e de gente) é mesmo bastante dolorida...
( abraço à Thami, pela compreensão nesse momento)
16 de maio de 2009
- Coluna do leitor
Breve meu A.I. aparece para mais aventuras: sentimentais, ou não.
Para as novas pessoas que passaram por aqui, obrigada! Leio os comentários e fico lisonjeada, apesar de meio sem-graça - confesso! Dá um pouco de vergonha!
Pretendo voltar com dicas musicais também: estou - meiototalmente - relapsa.
Bom é isso, um abraço!
Até :)
Areia do sono.
escuto o vento
conversando com o espaço.
Os passos do homem solitário
afundando na calçada.
Ou o guardinha que passa...
Apitando.
Longe, lá na pracinha, tem coruja.
Minha vó dizia que coruja é ruim,
porque traz morte.
Eu escuto ela todo dia,
mas nunca morri.
A rua anda ao contrário de noite.
Casas deitam-se umas nas outras
e bocejam.
Muros curvam-se silenciosamente.
Ouço códigos secretos do mundo inteiro,
porque sinto o chão respirar.
Luzes dos postes piscam sonolentas
para minha janela,
cerrando o som da rua.
- Então,
eu durmo.
14 de maio de 2009

Discorreu diversas vezes sobre minha falta de memória em avisar onde estou. E sobre a necessidade da oração ao sair de casa. - Sempre esqueço.
Tem os melhores produtos de beleza, as melhores maneiras de amarrar um cachecol.
E mesmo com TUDO isso, diz ser minha fã! Que adora meu cheiro, minhas coisinhas tão bobas...
Essa história de maternidade não é a coisa mais bonita que você já viu?
12 de maio de 2009
Sobre Heráclito e o rio.
Achava minha vida um tédio por esses motivos, mas fui convencida que o novo era algo perigoso, devendo ser repelido a qualquer custo.
Hoje, tudo virou do avesso e percebo que todo esse tempo ‘resguardada’ não facilitou meus dias. É impossível saber as regras, por mais que eu queira, por mais que me desespere procurando a lógica dos fatos.
Estudei na mesma escola, mas fui perdendo amigos pelo caminho. Morei na mesma casa, mas nem sei mais os nomes dos meus vizinhos! Pessoas que estavam sempre perto, não existem mais. Lugares onde brincava, a árvore que mais gostava... pra onde foi todo mundo? Até mesmo a Língua Portuguesa mudou.
- Tenho pesadelos com essa realidade arredia, que não cabe mais em minhas mãos, ou sou eu que não me reconheço mais?
9 de maio de 2009
Arquitetura da solidão.
O fato é que pessoas não mudam porque nós queremos; mudam porque querem e quando querem muito.
Cansei de cobrar dos outros meu amor próprio. Mas sinto-me, cada dia mais, uma muralha de auto-preservação.
8 de maio de 2009
O eterno sono.
- Estou acomodada demais: adormecida.
A opção 'dormir 100 anos', contrária a morte instantânea, não parece das melhores opções. Dormir não é uma espécie de morte? E acordar somente com um príncipe não é delegar a terceiros a própria felicidade?
22 de abril de 2009
Limpando meu armario descobri várias de mim que não reconheço mais. Coloquei-as numa sacola e deixei longe dos olhos. {...} Lógico que voltei depois e repassei uma por uma: é incrível como coisas materiais podem contar trechos da vida!
Conversei com vestidos que embalaram paixonites agudas; calças que prometeram mudanças radicais; alguns sapatos que me levaram a locais distantes ou dançaram minhas músicas preferidas: tão agarrados, tão juntos!
Mas agora, olhando para esses pedaços vivos espalhados sobre a cama, percebo como essas fases precisam ir. Não me cabem mais essas meninas, mulheres e senhoras. Estou morando em outras casas, mais espaçosas (não menos complicadas), com um ar 23 anos, sabe?
Quando o passado está apenas por dentro, me desespera menos ver o tempo correr de mim.
19 de abril de 2009
Ao J.P.C.
demonstrações rasgadas de amor:
sem vagas.
E o mais incrível, o mais bonito,
é que me encontraram antes que me virasse.
E recebi um abraço vindo não sei bem de onde,
nem sei bem por quem,
mas tão bonito que me arrebatou.
Já posso dizer da busca não buscada,
do desejo tão forte de encontrar o amor
que abre todas as vagas no topo do mundo!
Obrigada Jardim pelas flores primaveris
colhidas em pleno outono!
Essa transposição de estações
é meu presente...
meu pequeno GRANDE milagre.