31 de março de 2010

Das lembranças

Sinto tantas saudades de nós
que a música no rádio estraga meu dia inteiro.

Sumi com todos os rastros,
mas eles abrem buracos no meio da terra
e riem de mim.

Sinto saudade de mim com você
quando eu era outra pessoa.
E todas as cartas de amor não eram ridículas.
E declarações em praça pública não pareciam falta de sanidade mental.

Acreditava na paz,
reciclava o lixo, lia sobre socialismo.
Tinha uma vaga no céu.


Acabou.

Foi pacto meu,
desses que a gente faz e não quebra,
mas sempre fica alguma saudade.
Memórias são instrumentos de tortura
quando rejeitadas.
Por isso eu aceito.
Aceito todas; e sigo em frente.

4 comentários:

Sylvia Araujo disse...

É bem isso, Flor. As lembranças fazem parte de nós. E não podemos rejeitá-las, passar a borracha num tempo que vivemos. Eles sempre estarão lá, como uma das muitas peças de nós. É preciso abrir uma gaveta no peito para as memórias. Pra que elas fiquem lá, aceitas, inteiras, e nos ajudem a construir nossa história.

Beijomeupra você

Débora Almeida disse...

E digo mais, é bem isso mesmo. haha
'Memórias são instrumentos de tortura'. Mas ainda assim são nossas, e às vezes tudo que temos. Isso pode ser bonito, flor, outras vezes trágico. Mas quem consegue viver a vida somente por um extremo?
Deixo aqui meu beijo e meu abraço quentinho em você, te gosto. E te ler é muito bom.

Gaby Lirie disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gaby Lirie disse...

Acreditava na paz,
reciclava o lixo, lia sobre socialismo.
Tinha uma vaga no céu.


Que lindo esse trecho.
Enfim o poema todo diz muito, adorei Prih.

Grande Beijo!