6 de julho de 2007

(esse texto é um dos mais fortes sentidos por mim, vou revivê-lo, porque a mensagem, apesar da tristeza, tem a seguinte voz: precisamos cuidar uns dos outros.)

(...)


Ilha das Pessoas Quebradas

Pai e Mãe,

estou partindo para a realização de um sonho: n
esse final de semana, irei para passar o resto dos dias na Ilha do catálogo que guardo desde criança embaixo do travesseiro!
Vocês nem devem se lembrar muito dessa minha fixação, aliás, não devem se lembrar de muita coisa sobre mim, mas saibam que ela é importante pois foi através desse objetivo que sobrevivi todos esses anos.
Nesse lugar não precisamos nenhuma memória, tem um céu deslumbrante e um mar azul infinito. Nos divertimos o dia todo. Ninguém chora, ninguém...
Os pássaros são caríssimos, feitos com ouro, diamantes, além disso vivem cantando belas músicas-de-elevador. -Uma maravilha!- As árvores, espécies raríssimas de boutique, crescem sem esforços por todos os lados, em todas as direções, tanto que seus galhos entram por entre nossas cabeças vazias, se entrelaçando em nossas vidas e roubando cada gota da essência do universo pouco a pouco.
Dos outros habitantes não ouvi falar muito, até acredito serem robôs: linhagem moderna lançada em segredo por alguma multinacional japonesa.
Eu economizei minha vida toda com a intenção de ir para lá, economizei minha vida... Reduzi tudo a pequenos relâmpagos felizes, mas agora vai ficar tudo bem...

Quero fugir desse mundo, quero minha liberdade, quero o lugar onde viverei minha alegria eterna em coquetéis-comprimidos.
Não sei quando receberão esse e-mail, porque é o primeiro que mando desde muito tempo. Apenas queria dividir alguma coisa com alguém, inclusive o temor de tomar essa decisão, no entanto, e
spero estar fazendo a escolha certa da mesma forma que vocês dois já fizeram a sua:

- Espero ter escolhido uma Ilha tão boa quanto a de vocês...

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