Porque trabalhar sentada nunca foi possível numa sala cheia de crianças.
E caminhar era necessário ao trocar de escola na hora do almoço, meio correndo, meio olhando os pássaros nas árvores,
Meio tomando um solzinho, meio pensando na próxima aula ou projeto.
A quarentena me deu horas extras de serviço, salário menor,
A ansiedade descontrolou meu sono.
Mas agora eu entendi.
Sou árvore com imensas raízes: minhas avós, minhas tias, minha mãe.
Essa expansão corporal abrigou o milagre que é carregar essa bagagem,
Tão pesada, mas tão bonita!
Portanto, eu, Priscila Machado, recebo esses quadris maiores, pernas grossas, braços grandes,
Dia 29 de outubro de 2020.
Eis o ritual sacramentado dentro desse poema.
Hoje sou árvore frutífera, amanhã serei raiz também.
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