11 de agosto de 2015

Das cartas II

Nunca! Como pôde pensar isso?  Te tenho em grande afeto. Mesmo depois daquele dia que você sumiu, lembra?  Te encontrei naquele esconderijo do sofá,  com medo de levar bronca. Você,  diferente do porquinho da Índia,  sempre preferiu grandes almofadas. 
Nunca vou brigar contigo por querer estar sozinho,  por mais que o monstro da carência roa meus dedinhos do pé.  Eu mastigo as unhas e como minhas mãos,  mas sei esperar. Enquanto está longe, fiz mil planos. Cortar o cabelo,  uma viagem talvez. Tem também umas cartas, logo saberá.  Nelas usarei metáforas de morte, fique frio, nunca foi meu desejo.  Se fosse pra querer alguma coisa,  um chute no seu saco já estava de bom tamanho. 

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