Menina e o Mundo
30 de setembro de 2022
Balões
10 de julho de 2022
A Valsa
17 de maio de 2022
Nua
19 de abril de 2022
Ligando pontos
12 de julho de 2021
Quinta conversa
Cada vez que sento do outro lado do volante é como se você estivesse lá também. Carrego seus genes, sua história, mas também o peso de nunca decepcioná-lo. Quero aprender com leveza a carregar sua bandeira, meu pai. Me ajuda?
9 de julho de 2021
Quarta conversa
Desprendi uma parte importante de mim e ela flutua por aí, por isso posso andar um pouco mais longe. Hoje eu fui até a cerca no quintal, amanhã, talvez atravesse. Tem uma parte importante minha solta no mundo, então quero ser mais ampla para alcançá-la.
Se tenho uma parte faltando é porque um dia experimentei o
laço do amor: esse pensamento me ilumina.
Terceira conversa
Oi, pai. Hoje no supermercado fiquei namorando a farinha láctea que você tanto gostava. Não sei se tem poesia nisso, eu parada no corredor com os olhos cheios de água olhando uma lata, mas me permito acreditar que sim para o mundo ficar mais bonito. Tudo tem poesia depois de você.
Obrigada.
5 de julho de 2021
Segunda conversa.
Quando me sinto injustiçada por perder você, lembro da criança que você é. Lembro que perdeu seus pais também. Você sentiu medo? Frio? Antes de dormir, nas suas orações, pedia pra aprender ser adulto para cuidar da gente? Porque estou tentando ser adulta também, mas tenho muito medo.
Espero que reencontre seus pais, meu pai. E quando voltar a ser o menino que sempre te habitou, seja ainda mais feliz.
1 de julho de 2021
Primeira conversa
Oi, pai. Hoje olhei seus velhos chinelos debaixo da cama. Estão no mesmo lugar que você deixou. Fiquei pensando no frio desses dias... você pode ficar resfriado se andar descalço por aí. Está usando meias? Por favor, se cuide, se agasalhe bem, eu te amo muito.
1 de maio de 2021
Enquanto houver ar
8 de abril de 2021
Esconderijo secreto
4 de abril de 2021
Mereça
Quero estar contigo
Em ti
Com minhas mãos dentro.
Com minha língua dentro de você.
Com você inteiro
Olhando através de mim.
Quero sua voz conduzindo meu desejo
Para fora
Para dentro
Até virar flor.
Você é o senhor da minha Primavera:
Mereça.
19 de fevereiro de 2021
Carta recebida por sonho (ou inventada).
Meu amor, como te manter na minha vida sem te oferecer o que você merece? Você não é o lírio do campo perfeito. Não sou o monstro das montanhas, mas estou em turbulência, desequilibrado e triste. Um dia, ficará sabendo sobre a minha paz, então, adoraria encontrá-la no mesmo ponto, flutuando no espaço-tempo, para continuarmos de onde a gente parou. Isso é desejar seu fantasma.
Quero a mulher real, vivendo coisas reais. Nunca perca seu encantamento natural, sua seriedade capricorniana misturada ao ar de camponesa sexy espartana. Você mudou minha vida tão profundamente, só posso te amar profundamente também. Você é a mulher da minha vida de sempre e pra sempre, seja muitíssimo feliz.
8 de fevereiro de 2021
Outra carta. Meu Deus, são tantas!
Toda noite, antes de dormir, invento outro VOCÊ e penso como ele agiria. Esse VOCÊ inventado me liga, diz que me ama, que vai se mudar pra cá porque arranjou um emprego bem pertinho. Meu coração até dispara, acredita? Depois VOCÊ promete ser gentil comigo, até nos dias ruins. Meus olhos marejam nessa hora. Tudo muito bonito, porém apertado demais, pois nenhum ser humano real cabe nessa fantasia. A perfeição é cruel.
*
Gostaria de ter dito que nunca perdoei aquele dia, mesmo que tenha dito sim. Fui quebrada de uma forma irreparável. Se tivesse um silêncio bem grande no mundo, daria para ouvir o barulho do meu coração. Mas então, por que não disse, ficam falando milhões de vozes na minha cabeça. Porque não tive forças ao perceber que o você real não é o VOCÊ imaginário. Loucura? Talvez. Meu amor te colocou num pedestal inalcançável, esse foi meu maior erro.
Carta que não pode ser enviada
Esses dias fiquei pensando se serei capaz de amar outra pessoa. Me imaginei num convento, igual aquelas mocinhas de romances, isoladas, canalizando meus desejos aos órfãos e mais necessitados. Isso daria uma triste história, mas não mataria o sentimento mais forte que já experimentei. Recentemente, conversei com alguns pretendentes, foi até engraçada minha vontade de encerrar logo a conversa, as comparações contigo o tempo todo. Desisti. Daí me bateu um ciúme gigante, fiquei pensando que já está em outra, bem feliz. Depois fiquei feliz por estar feliz, afinal, não posso te enfiar na cabeça o celibato, ou o monastério. Puro egoísmo da minha parte! Vai ver seu livro é de aventura. Eternamente separados por histórias diferentes?
4 de fevereiro de 2021
15 de janeiro de 2021
O que você sabe sobre passarinhos?
13 de dezembro de 2020
Para o menino com uma estrela
Sabe as nossas conversas? Eu já reli umas três vezes, tudo. Cada áudio. Cada figurinha e meme e linha. Então chego no fim e volto no início. Dou risada de novo, fico triste. Fico procurando indícios do fim, prenúncios do desastre para tentar voltar no tempo, para evitar. Daí passo a noite inteira nesse trabalho árduo, Sísifo rolando a grande pedra de novo e de novo até falhar miseravelmente.
Meu maior medo era que você pensasse... era que você pensasse que foi tudo mentira. Então vem uma vontade enlouquecedora de falar com você, puxar assunto, te marcar num meme qualquer para você rir, depois me perdoar. Você foi a primeira pessoa que pedi perdão, não que isso importe, nem faça meu erro ficar 0,0001% menor. Não fica, não ficará. Nem estou em condições de me justificar, mas como essa ansiedade vem me definhando aos poucos, por favor, me permita abrir esse coração capricorniano antes que somatize algo em mim.
Não estou amadurecida para encontros, por isso evitei sentir por toda vida. Lembra que falei sobre animais de estimação? Pois é, nunca tive nenhum! Não ria de mim, juro que essa informação tem relevância, porque entro em pânico com a iminência da morte, consequentemente evito me apegar a qualquer ser vivo. Esse medo se estendeu para amigos, passei a evitar enterros, fujo como diabo da cruz perante qualquer demonstração afetuosa. Sinto o coração paralisado só de escrever sobre, acho que não aprendi gostar de ninguém.
Quando começamos a conversar naquele dia, deixei tudo preparado, se algo saísse do controle era só puxar a “cordinha” e abrir o paraquedas. Péssima analogia, sei que você me ajudaria a criar outras muito melhores. Então você pegou minha mão para sentir a queda livre como nunca antes. Foi como voar. Estava sonhando, amando, mil planos, quando meu sistema padrão entrou em pane total durante uma noite assustadora. Sim, nunca senti isso antes. Sim, nunca tive essa conexão com mais ninguém. É pânico que fala?
Como boa filha perdida no meio da tempestade corri para espiritualidade. Mentira. Primeiro joguei mil cartas de tarô, li seu mapa astral de ponta cabeça, barganhei com os anjos, vasculhei sua vida inteira na internet. Precisava de algum motivo plausível para desencantar o que estava encantado no meu coração. Era meu lado racional tomando as rédeas, criando listas de prós e contras. Não cheguei a nenhuma conclusão definitiva. Corri para espiritualidade feito um cachorro perdido. Nesse ponto, não tenho o que reclamar, pois meu padrinho espiritual tem me livrado de muitas furadas. Pensa numa ascendente em peixes vagando por aí? Se estou viva é por milagre praticamente! Ele me abraçou, chorei até desidratar, daí perguntei sobre nós dois. Ele não disse faça, ou não faça, mas confirmei a negativa no meu peito. Foi uma bigorna sobre minha cabeça. Das outras vezes que perguntei e não ouvi me ferrei tanto, me machuquei tanto, não passa pela minha cabeça desrespeitar nunca mais, mesmo que meu corpo te deseje, minha mente te admire, meu coração esteja na tua completamente, nada disso tem peso maior que ouvir a espiritualidade pra mim.
Chegamos no momento presente, separados, devido ao meu pensamento: antes doer agora, do que depois, quando o estrago será maior. Juro por tudo que é mais sagrado que pensei em poupá-lo nesse hora, por mais absurdo que pareça. Minha esperança com essa “carta” é que você um dia possa transformar esse desejo/afeto/amor dentro de você. Que possamos dividi-lo em forma de amizade. Caralho! Nem eu sei se vou conseguir essa proeza, porque tá muito foda. Tá doendo demais. Quero confiar no tempo como melhor remédio, me ajuda a acreditar. Por favor, me diga que é possível existir um espaço protegido, entre amor e ódio, um lugar neutro onde possamos estar abraçados e seguros? Um banco de jardim, você no meu colo, longe de tudo, lendo Silmarilion em paz?
Ou... seja sincero e me diga de uma vez: Pri, esse lugar chama-se esquecimento.
11 de dezembro de 2020
Guardiã
10 de dezembro de 2020
O baile
Hey,