30 de junho de 2009

Asas de lagarta (ou pernas de borboleta?)

Como pode um objeto de amor
simplesmente não ser mais?
Quantos degraus andei
sem notar?

Em meio a canções antigas
fluindo dos seus lábios;
Entre revoltas tristes e pedidos de retorno;
E súplicas desesperadas de perdão,
segui firme em direção ao sol.

De mim, imagem parada,
estática e desamante,
surgiu a liberdade.

Seus olhos,
curiosos dos caminhos secretos,
das minhas pernas cúmplices do tempo,
apertavam meu pescoço em busca da confissão.
- Não contei.

O coração inteiro-vivo-forte nas mãos, mas não contei.
Porque esse segredo é só meu.

26 de junho de 2009

Da mania de sonhar acordada.

Ao deitar nos lençóis
o sono desce ao meu corpo
e sobe aos céus, sem sonhos.
Que o leitor não se espante,
não é tristeza.
Sonho tanto acordada,
que gasto minha cota
antes do anoitecer.

21 de junho de 2009

Tenho tantos heterônimos, mas ele não se encaixa com nenhum.
(se tivesse 5 anos a discussão terminaria com a união dos dedos mindinhos.)

- Devo ter perdido meu Alberto Caeiro nos parques da infância.

Asma.

Quero estar junto.
Não além dos mundos obscuros
que são meus.
Quero estar, indiscutivelmente, distante.
Enquanto a linha entre dor e retorno
estiver desenhada nos meus braços.
Se você entendesse...
Se você entendesse essa coisa...
saberia minha vida abraçada na sua.
Há necessidade de espaço
para minha claustrofobia amorosa.

Não é morte.

São asas.

15 de junho de 2009

Dilema da Flor

Então foi assim: ela brilhava, não porque era melhor que as outras flores; por estar feliz consigo mesma: uma conquista da vida inteira.
O jardim pôs-se a paparicá-la com mimos, porém, alguns se incomodaram da presença dela.

Nossa delicada protagonista sentiu-se culpada, pois não queria jardim repartido.
Ninguém sabia sua história de patinho feio até o florescer dos galhos, como podiam julgá-la de maria-exibida? Melhor ficar debaixo da terra para não desequilibrar as leis da botânica? Ou deveria perder algumas pétalas, passando por erva-daninha?
Enquanto pensava no assunto, brotinhos deitavam ao pé da roseira para ouvir suas canções de ninar.

12 de junho de 2009

Dia dos namorados é meu preferido. Gosto do cheiro das rosas, das pessoas com olhares distantes e carinhosos. Também gosto de saber que o amor existe, se renova e permanece.

10 de junho de 2009

O salto

Encontrei parentes antigos como a minha história; perdidos no tempo.
Estavam lá, independente da nossa distância.
Cabelos brancos, rugas desenhadas pelo vento: pois sim, o mundo continuou girando sem mim, e continuará! Que egoísmo não perceber o óbvio movimento das marés.
Gestos inesperados contrariaram previsões. Será que cresceram? Será que mudei?
Foi estranho pisar no conhecido sem julgar, ou lembrar daquelas velhas mágoas que não me pertencem mais.
Cultivar bondade em terreno difícil, preenchendo espaços, é uma forma de sublimação.

- Foi abrir os braços, fechar os olhos e pular.
A Thami com que a Pri sonha
está no sonho
ou na fronha?

não sei...

- menina risonha nunca me deixe acordar.