22 de junho de 2010

Sobre a não-despedida

Se for para longe
E aliviar meu espaço de visão
Por fim o fim se dará.
Mas a distância é boa com espaços,
não corações.
Vou sentir sua falta.
Uma falta imposta bem antes a mim mesma,
como sempre senti, mesmo perto de ti.
Porque você não estava.
Só a imagem inventada da sua pessoa
olhando pra mim.
Um retrato que permanece intacto e perfeito
E não trêmula com o vento.
Mas ainda sentirei sua falta.
Todo dia. Todo dia.
Pois na sua imperfeição despertou as melhores coisas em mim.
E as piores.
Para que eu fosse ainda maior do que eu era.
Hoje sou.
Vou sentir falta de nem sei mais o quê.
Todas as faltas do mundo
flamejam em mim:
não me aqueço.
Que as cinzas do tempo ultimem seu nobre trabalho.
Quantas saudades, quantas! (...) todas.