Existem mortes de acidente, mau funcionamento do corpo,
Mortes súbitas.
A morte de quem precisa e não escreve, é lenta.
Quem não abre espaços na folha semeia vazio,
Mas as palavras são pequenos pedaços de vida na imensidão da
Terra.
Escrevo para viver.
Porque sobrevivi ao apocalipse
Pisando o chão da minha cabeça.
Porque vejo sementes na podridão dos lamaçais,
Vejo, no solo, minerais necessários ao florescimento.
Tenho comigo a crença na ressurreição dos mortos,
Porque já renasci do avesso da tragédia.
Escrevo porque a única coisa que resta a um errante
É o grito.
Então eu grito, mesmo que seja no escuro de uma sala escura
Dentro de mim.
Mesmo que essa luz seja para ninguém,
Sou encarregada de acender o lampião,
E cultivar as esperanças.