22 de julho de 2007

Todo mundo tem uma história dos tempos escolares.
Quando era menor, pertencia ao time dos “não-time”: péssima em futebol, vôlei, basquete, queima e qualquer coisa a qual dão, carinhosamente, o nome de atividade esportiva.
Ah! tão melhor observar um tatu-bola perto das mudas de cafezal; tão melhor ficar conversando com melhor amiga no fundo da quadra; tão melhor livros poetizáveis para viajar até planetas mágicos, em galáxias distantes!
O problema era ser última escolhida nas filas esportivas (crianças podem ser cruéis), e como isso se tornara freqüente, sentia nos ouvidos a dolorosa profecia: “Serás do avesso, do avesso, do avesso... wuaaaa ha ha”
Pessoas sensíveis ganham uma aura fracassada quando vencer a qualquer preço e humilhar fazem parte do jogo. Por muito tempo achei que seria um fracasso mesmo!; que o melhor em mim fosse uma coisinha inultizinha da qual me livraria, mais cedo ou mais tarde, atirando pela janela.

Porta do quarto fechada.

Pensando com meus botões, será prudente apagar todo passado com o qual me fiz o que sou? Pintar o cabelo laranja, depois azul, verde; mudar o nome para Clementine e desmanchar dores, medos, ou vergonha; cada dia que me senti para baixo; as despedidas e saudades?
Não. Não sou pedra: em mim correm todos os rios do mundo; agora eu sei.
É claro, se dissesse: - Passado é passado! Olhem, nenhuma marquinha no coração, podem procurar! – estaria mentindo.
Minha casa ainda é refúgio. Ainda prefiro um sábado a noite com minha família. Alguma dificuldade em fazer amizades, uma ou outra falta de jeito com gente: aura bicho-do-mato incurável.
Porém, e nem me perguntem como, hoje tenho os melhores amigos que poderia sonhar. Às vezes, paro, acarinho cada um deles, principalmente quando estamos juntinhos; dou uma olhada para o céu com uma piscadela disfarçada e penso:

É Deus (...) andou caprichando na minha vida.


Porta do quarto aberta.

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